sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O Apelo dos Improváveis

sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Por Adriano Mariano



"... Ronaldo."
(Zina, o pequeno grande gurú da Xurupita)




Meu post de hoje abre uma série de matérias voltadas para esses rústicos intelectuais da cultura marginalizada brasileira. São os boêmios sem causa, os alcoólatras por excelência ou, como podem também ser chamados, os viciados apocalípticos. Sim, estou falando dos nossos malucos beleza. Abordarei os pensamentos mais complexos desses filósofos contemporâneos, os desvendarei de tal forma que a compreensão de suas relevâncias seja absorvida de maneira irrevogável ao sentido de nossas existências. Essa cultura não pode ser limitada, esse conhecimento não pode ser deixado de lado. Eu vos trago a luz!


Para esta estréia, ninguém mais, ninguém menos que Zina, o representante máximo da comunidade Xurupita (RJ). Este nosso “mito-midiático-instantâneo” ficou conhecido depois de sua ilustre e acertada aparição em uma matéria do programa Pânico na TV, Rede TV, sobre a Sociedade Esportiva Corinthians (vulgo Curintchan) e sua torcida mais do que rica e bem representada, diga-se por passagem.


Com os holofotes e microfones apontando para seu caminho iluminado da fama, Zina nos dá um gracejo maior em sua resposta àquela reportagem. Com a mais pura e límpida frase saciou milhares de corações alvinegros que prestavam sua audiência ao programa naquele dia. Foi com o bordão “... Ronaldo” que nosso Platão das sete letras começou a sua caminhada.


“... Ronaldo” inspira coragem, inspira força, inspira fé. Sustenta o improvável, e como se não bastassem todos esses valores o lema “... Ronaldo” ainda serve nos momentos em que qualquer outra palavra teria sido mais do que inconveniente. Tal versatilidade deste “hino” seria pouco sustentada sem a graça e expressão artística de seu criador.


Zina, nosso poeta de uma palavra só, é um perfeito exemplar de uma espécie mal compreendida, desvalorizada. Seu arsenal inspirador vai além da magnitude de sua primeira instância na telinha. Em pouco tempo virou figurinha presente em todos tapes editados do programa Pânico na TV, virou celebridade em sua comunidade e depois no Brasil inteiro. Como recompensa, os produtores do programa (reconhecendo seu valor e principalmente a audiência obtida) o engajaram em outros quadros de sucesso. Foram eles a busca pelo seu sonho de conhecer o jogador Ronaldo, em seguida uma nova busca pelo seu outro sonho em jogar bola com o próprio (morra, ele jogou), e depois (... sim, ele tem vários sonhos) uma campanha foi feita para arrecadar dinheiro para a compra de uma casa própria...


De anônimo à ilustre em alguns dias, nosso companheiro nunca esqueceu de mandar aquele velho “salve” para seus amigos da comunidade da Xurupita. Vale apena relembrar no vídeo abaixo:



No mais, a maior lição que este mito instantâneo pode nos oferecer não é sua humildade, não é sua vida cheia de sonhos, não é sua carreira ascendente e honesta, e sim a capacidade de ser feliz, espontâneo e carismático. Nossa televisão precisa disso, mesmo que em outros moldes... O Zina é uma ironia sobre a simplicidade em ser verdadeiro e comunicativo na sociedade brasileira. E é usando uma de suas frases célebres que me despeço deste primeiro post sobre o Apelo dos Improváveis:

“Ronaldo,
brilha muito no Curitchans!”

Nota do Autor: Os próximos posts desta série abordarão outros grandes nomes da filosofia rustica marginalizada e contemporênea. Se você tiver alguma sugestão, ou gostaria de ler seu "autor" favorito comentado por mim, mande um email para adrianomariano_mkt@hotmail.com.

4 comentários:

Lorena Portela

zina é necessário.

e o texto está ótimo!

Anônimo

kara eu acho somente uma coisa o zina é indispensavel no panico, no Brasil e na seleçao brasileira.....salve Zina....

Márcio Gondim

Zina é um lamentável exemplo de como a mídia expõe e ridiculariza sujeitos comuns, com baixa escolaridade e aparência simples (humilde, popular, marginalizada). Admito que algumas situações até são engraçadas, mas o Pânico vem sendo apelativo e de mau gosto quando exagera, como nos casos da “Miss da Beleza Interior” – nas últimas vezes que vi eram mulheres que mal percebiam o quanto estavam sendo ridicularizadas e xingadas. É um tanto quanto constrangedor ver alguém sendo intensamente colocado em uma situação de ridicularização e essa mesma pessoa rir de modo ingênuo, sem entender ou sem perceber a situação em que está.


Vivemos em um país em que as pessoas vendem os votos por dentaduras, meninas e meninos vendem os corpos por algum trocado, dentre outros absurdos que consumiriam várias linhas... Percebo que o programa Pânico acaba, através de um tipo de humor, denunciando (ou mostrando, ao menos) as condições de alienação em que vivem algumas pessoas que na frente de uma câmera de TV se expõem sem nem perceberem que estão sendo ridicularizadas nacionalmente (e que possivelmente ainda sejam enaltecidas nos meios sociais em que vivem), mas acho muito estranho quando exageram e perdem o foco de um humor que pode ser interessante, mesmo sendo “escrachado” e “besteirol”.

Anônimo

Puxa, agora sou uma pessoa melhor!! Graças ao Zina, ao "...ronaldo",ao pânico na tv, e á esta série que desvendará todos os fabulismo(existe esta palavra?!) que envolve os nossos heróis de carne e osso.
obrigado....ô adiano ta me ouvino?!
(o vôzim dessa frase tem que ganhar um texto também)

(NADA DISSO É IRÔNIA.POR MAIS QUE PAREÇA)

E quero mandar um salve pra jac, pra lo e pro daniel da xurupita,que deve ser super gente boa, pra ganhar tantos salves do Zina.


Wolney B.

 
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